Nós passamos o ano de 2014 todo falando de fotografia, fico muito feliz de ter contado com a companhia de todos vocês aqui, e exatamente como eu cresci nesse ano que passou, eu ví a fotografia de vocês crescendo (eu já disse que conhecemos de perto nossos leitores) e se desenvolvendo a cada post e a cada novo exercício que era proposto através dos desafios aqui do blog. Agora vou convida-los a pensar fotografia no plural, isto é, esquecer o “momento do click” pra pensar em “vários momentos e clicks”.

Criar um projeto fotográfico, ou uma série fotográfica, pode parecer fácil no começo, mas há alguns pontos a se considerar que eu mesmo confesso que me deixaram pensativo assim que comecei a planejar minhas primeiras séries. Como troca de experiências é a tábua de mandamentos editoriais aqui do Primeira à Esquerda, vamos juntos ver alguns desses pontos a se refletir na hora de contar sua história em forma de imagens.

Planejamento
Antes de sair pra fotografar sua primeira série fotográfica é bom ter um roteiro do que você pretende fazer, você pode fazer isso num papel, num caderno, num app de anotações ou num documento detalhado. Coloque tudo, como qual equipamento você vai usar, qual lente, qual software ou app vai editar, onde vão ser feitas as fotos, tudo o que for possível calcular. Não é obrigatório que se faça um roteiro, mas é bom pra se organizar e não esquecer de tudo no meio da série.
Conceito, contexto e mensagem principal
A mensagem que você quer passar nas suas imagens é o ponto chave da sua composição. O conceito envolvido é tão importante que ele baixa o nível de exigência de outros quesitos, o que quer dizer que se sua imagem tem um apelo forte, talvez o triste fato de ela estar um pouco (um pouco!) torta ou tremida não anula seu valor artístico. Seria mais ou menos como um grande time de futebol perder uma partida. É uma perda, ruim é claro, todo mundo chora, mas se tratando de um grande time, essa perda não acaba com a credibilidade do time. Ele continua com seu valor intacto.

Plataforma, linguagem e ambiente
É muito importante pensar em qual plataforma vai operar a sua série, seja analógico, digital, mobile (celular), edição em photoshop, app X ou Y. É bom manter uma só plataforma de captação e edição pra que as fotos não fiquem muito diferentes entre sí, tirando o aspecto de “série”. O ambiente em que as fotos serão feitas vai depender do fotógrafo e de sua formação artística. Como eu sou da rua, todas as minhas séries são feitas na rua, embora já tenha rascunhado séries em estúdio e na natureza.
Tamanho e periodicidade
Você pode optar por fazer uma série fotográfica aberta ou fechada, eu mesmo já experimentei as duas, abertas são aquelas em que você define um tema e sempre que há uma oportunidade você fotografa e adiciona na série, não há limite de fotos. Fechadas (as quais eu tenho certa dificuldade) são séries que você define um tema, uma quantidade de fotos e só depois de fotografar, editar e finalizar você publica, ou lança. Séries periódicas são feitas apenas em determinadas datas, você pode fazer uma série de fotos de natal por exemplo, ou uma série de fotos do torneio de futebol do seu colégio, assim como eu fiz a série Copa da Rua, na copa do mundo de 2014 aqui no Brasil (melhor copa!).

Formato
Pode parecer besteira, mas o formato de uma foto (3:2, 4:3, 1:1) pode definir a leitura que seu público vai fazer da imagem. Não vou me aprofundar em estética e leitura de imagem, mas eu já ví diferenças enormes em minhas fotos, que na sua maioria são em formato 3:2 quando vão em formato quadrado (1:1) pro instagram. Escolha o formato que mais se adequa a suas imagens e tente manter esse formato em toda a série.
Saída
Você pode definir o que vai ser feito depois com as fotos. Talvez serão expostas, talvez vendidas, talvez apenas ilustrem o seu portfólio, você define o que quer fazer com suas fotos.

Pega na minha série e balança
Sempre que eu dou dicas gosto de mostrar que tudo que eu aprendo é na prática, na rua. Todas as fotos que ilustram esse post são minhas e fazem parte de séries fotográficas que eu fui montando com o passar do tempo. A série Copa da Rua foi toda fotografada com uma lente 85mm, e tratada em cores bem vivas, pra levantar o conceito da colorização da cidade cinza, recebedora de jogos do mundial e toneladas de turistas estrangeiros, eu falei sobre isso no Can I Take a photo? A série A voz das ruas foi uma série pequena toda captada e editada em celular que mostra alguns recados aleatórios deixados nos muros da cidade. Já a série Movimentos Involuntários é a minha amada filha caçula, é onde eu invisto meu tempo atualmente, uma série aberta ainda em captação que retrata o movimento das pessoas na cidade, sempre com pressa, sem sequer se dar conta de que estão passando por outras pessoas, lugares, ambientes. Elas não sabem onde estão ou pra onde de fato vão, só sabem que não tem tempo e que provavelmente estão atrasadas.
Partir da fotografia individual pra fotografar em série é um avanço natural de todo fotógrafo, em algum momento você percebe que suas histórias não cabem apenas em um frame e que precisa ter uma continuidade. Mas e você, já fotografou alguma série em alguma viagem ou em casa mesmo, já viu alguma série de outro fotógrafo que curtiu? Qual a série fotográfica mais incrível que você já viu? Conta pra gente!
The post Criando uma série fotográfica pra chamar de sua appeared first on Primeira à Esquerda.